As definições de oculto, em relação ao cinema, tem sido bastante discutidas desde seu início. Mas é no período das décadas de 1960 e 1970 que ganhará força, e isso aconteceu por causa do “flerte” entre a contracultura hippie, pensamento oriental e as práticas da Nova Era.
Não oficialmente, os filmes do gênero terror têm sido a causa do dito oculto, com adoradores do diabo, cultos pagãos… Alguns desses que ganharam popularidade foram: The Wicker Man; The Blood of Satan’s Claw; entre outros. Um dos pontos que ajudou a alavancar os temas ocultistas na sétima arte foi o assassinato da família Manson, que colaborou com a divulgação da ideia de que “paz e amor” era apenas uma fachada para a perversão hippie.
Alguns dos filmes apresentados em nossa seleção são dessa época e outros são bem mais antigos, datando do cinema mudo. Alguns são ligados ao oculto por segmentos secundários e terciários. Enquanto outros foram escritos por autores que apenas desejavam empolgar o público, e outros, por profissionais sérios.
1. Nosferatu
Obra dirigida por F. W. Murnau. É uma tomada expressionista do horror que conta sua história na sombra, chiaroscuro (claro-escuro). É bastante confundido com o primeiro filme sobre vampiros e a primeira adaptação de Drácula de Bram Stoker (falso em ambos), um filme húngaro de 1921 chamado Death Call’s. Sendo uma cópia não autorizada, Nosferatu, conta basicamente a história de um vampiro da Transilvânia, que deixa sua casa e vai para a Europa Ocidental, fazer seu papel de “praga”.
Algumas diferenças estão em: ao invés de Londres, surge a cidade, alemã, fictícia de Wisborg; o ano ao invés de 1880 passa a ser 1830; a praga de Drácula que era figurativa, em Nosferatu se torna uma literal, que dizima toda a cidade. Outra característica são os nomes dos personagens, que são levemente alterados: Thomas Hutter ao invés de Jonathan Harker; Elllen Hutter ao invés de Mina Harker.
Além disso, em Drácula tem-se um vampiro aristocrata, enquanto em Nosferatu o vampiro, Conde Orlok, é um demônio roedor de faces, chegando mais perto de uma figura folclórica de mortos-vivos.
2. O gabinete do Dr. Caligari.
Lançado alguns anos antes de Nosferatu, O gabinete do Dr. Caligari, de Robert Wien, foi o primeiro filme de terror a relacionar em sua mise-en-scene (expressão francesa, utilizada no universo cinematográfico para se referir a uma encenação, posicionamento de cena ou até direção e produção) elementos do expressionismo.
Explorando temas como a obsessão e loucura, o filme diz respeito a história de Francis, um jovem estudante que é uma “presa” de maquinações do artista de circo, Dr. Caligari. Em segundo plano, ele usa um sonâmbulo, chamado Cesare, para prejudicar aqueles que Francis ama.
Toda a experiência deixa Francis insano. Nessa altura o público já percebe que toda a narrativa tem sido uma explicação elaborada do porquê ele está tão determinado a odiar o diretor do senatório. Tudo acontece sob o olhar do Diretor Caligari.
3. Simon, o rei das bruxas
O filme de Bruce Kessler, de 1971, poderia ser chamado de take exagerado, entre os tantos filmes de terror sobre o diabo, que tanto estavam na moda na época. Conta a história de um mágico em Los Angeles que tenta amaldiçoar o Establishment, através de vários rituais satânicos, a maioria envolvendo um espelho mágico.
Em uma das cenas, Simon e seu sócio Turk, realizam um ritual que envolve drogas, uma cabra e Ultra Violeta. Apesar disso, muitos autores tem apontado que esse filme mostra familiaridade com práticas ocultistas reais.
Enquanto o personagem de Simon, um mago cineastral que vive em um bueiro, apresenta o arquétipo da contracultura, suas aventuras podem ser baseadas nas práticas da Califonia ocultiste Poke Reunion.
4. A montanha sagrada
Assim como tantas outras crianções de Alejandro Jodorowsky, esse é um exercício alucinante de surrealismo. A narrativa confusa apresenta uma mistura de misticismo, cristianismo, simbolismo oculto, e o fluxo da consciência psicodélica. Também apresenta dramatização do Tarô. Com personagens representando ladrões, eremitas, diabo, passa a maior parte do filme, realizando cerimônias mágicas, muitas das quais são acompanhadas por mulheres nuas, personagens do Tarô e cabras.
Esse não foi o único filme do diretor a tratar sobre assuntos ocultistas, praticamente toda sua obra, em algum momento, trata sobre o assunto. Misturando simbolismo oculto com absurdo e representações da consciência alterada.
Por esses motivos, Alejandro tem sido considerado um cineasta gnóstico. E, junto a A Montanha Sagrada, seu filme El Topo, de 1970, foram acusados de promover caprichos dos Illuminati, por alguns teóricos.
5. Metropolis
Friz Lang, 1927. É uma obra prima visual sobre uma cidade futurista fortemente divididos por classes. Enquanto ricos vivem na cidade em arranha-céus, que combinam comodidades modernas, com jardins de recreio bucólicas, os trabalhadores moram no subsolo em pequenos alojamentos. Trabalhar na cidade apresenta uma versão extrema do Taylorization, contudo, desde tarefas domésticas a andar atomizada e coreografado.
Depois de se apaixonar por uma menina pobre, chamada Maria, Freder, o filho rico da estilista de Metropolis, decidiu segui-la até o “submundo”, onde ficam as máquinas. Enquanto fingia ser um trabalhador, Freder, não só experiencia o quanto desumano um trabalho na cidade pode ser; em uma das cenas, ele substitui um operário exausto e assume o controle de um grande relógio manual; mas também presencia um acidente que mata e mutila diversos trabalhadores. Após essa tragédia, Freder sonha que a fábrica se transforma em um templo de Moloch, um demônio que recebe como oferendas sacrifícios de crianças.
Ao perceber que seu filho está apaixonado, Joh Fredersen entra em contato com um inventor louco, Rotwang e pede que ele crie uma robô à imagem e semelhança da garota pela qual Freder está apaixonado, Hel, na intenção de causar descontentamento entre os trabalhadores. Quando a menina-robô é trazida à vida, vários pentagramas estão visíveis no laboratório do inventor.
Hel investiga uma guerra civil na área dos trabalhadores e quando seu serviço acaba é levada de volta à superfície, no intuito de promover uma dança sensual para um grupo de homens de elite, na Metrópole. Nesta cena, Hel é comparada explicitamente à Prostituta da Babilônia, do Apocalipse. E essa não é a única referência da Bíblia no filme, a história da Torre de Babel é contada em justapontos com a paisagem da cidade. Aqueles que acreditam que o filme faz alusão à uma conspiração aos Iluminati, muitas vezes utilizam essa referência como prova.
Com certeza, Friz Lang e sua esposa e co-criadora, Thea von Harbou, estavam interessados em assuntos ocultos. Thea, que posteriormente apoiou o Socialismo Nacional, pode ter utilizado como inspiração seu interesse no misticismo oriental e ocultismo.
E aí pessoal, gostaram das dicas? Conhecem mais filmes que tem como tema o ocultismo? Comentem com a gente!
Nenhum comentário:
Postar um comentário